terça-feira, 31 de março de 2015

«ESTUDOS SOBRE AS MULHERES E BIOGRAFIAS NO FEMININO | Contributos de Maria Reynolds de Sousa»




Conforme divulgámos neste post, a 5 de março passado no PALÁCIO SÃO BENTO assinalou-se o Dia Internacional das Mulheres. Na ocasião, entre outros momentos, houve o lançamento da publicação da imagem  e uma homenagem a  Maria Reynolds de Sousa que esteve presente. Com destaques nossos, e a partir daqui,  a «obra pretende, não só reconhecer o vanguardismo do trabalho realizado por Maria Reynolds de Sousa, mas também as inúmeras iniciativas de que a CCF/CIDM/CIG tem sido promotora, e que contaram com muito do empenhamento das suas colaboradoras e seus colaboradores, tornando a Comissão uma casa de referência no âmbito dos Estudos sobre as Mulheres, História das Mulheres, História do Género. O livro está dividido em quatro partes. Na primeira, da autoria de João Esteves, é sintetizada o extenso trabalho de pesquisa e concretização levado a cabo por Maria Reynolds de Sousa em torno, não só, das primeiras parlamentares mas também das que lhes seguiram até ao advento do 25 de Abril. O trabalho de pesquisa alarga-se às Procuradoras à Câmara Corporativa (1935-1974), assim como às mulheres presentes nos Colégios Eleitorais do Presidente da República em 1965 e 1972. Numa tímida manifestação, este livro conta, num segundo momento, com os testemunhos de Ana Vicente, Dina Canço, Fátima Duarte, Isabel de Castro, Leonor Beleza, Maria do Céu da Cunha Rego, Maria Regina Tavares da Silva, Teresa Alvarez, Teresa Pinto e Zília Osório de Castro, que partilharam recordações de atividades desenvolvidas conjuntamente, em prol de uma vida mais digna para a população portuguesa em geral, em particular para as mulheres. A terceira e quarta parte do opúsculo constituem-se num pequeno apontamento biográfico e bibliográfico, não exaustivo, de Maria Reynolds de Sousa».




Ainda sobre o trabalho da homenageada  do que escreve João Esteves no livro: 




Na ocasião, Maria Reynolds de Sousa teve a plavra, de memória, lembramos, por exemplo: assinalou o facto de se estar a distinguir uma técnica da Administração Pública, o que não é muito frequente; referiu as chefias que teve, dizendo que ouviam os técnicos e  que eram visionárias. Foram frases simples, mas apuradas. Na nossa leitura, próprias de pessoas sábias. Foi bom ter estado lá! E aqui, com este post,  também a  homenagem do Em Cada Rosto Igualdade.



GÉNERO NA MÍDIA INFANTIL | Serão necessários 700 anos para alcançar igualdade



Diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka (à esquerda)
 e a atriz Geena Davis na sede da ONU em Nova York. Foto: ONU MUlheres/Ryan Brown


Num evento paralelo à Reunião da Comissão sobre a Situação das Mulheres  que recentemente  teve lugar, ou seja, a CSW59

«Na ONU, Geena Davis diz que serão necessários 700 anos para alcançar igualdade de gênero na mídia infantil

Para a atriz, as crianças estão sendo levadas a acreditar pelas mídias de entretenimento que as mulheres e as meninas são cidadãs de segunda classe». Leia  aqui, na ONU Brasil.


segunda-feira, 30 de março de 2015

ONU | 59.ª SESSÃO DA CSW | Novos Papéis Para a «Comissão Sobre a Situação das Mulheres»



Conforme escrevemos aqui, de 9 a 20 de Março decorreu a 59.ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação das Mulheres. Do que foi aprovado, recorrendo à ONU Mulheres (Brasil):

«23.03.2015 - Governos aprovam novos papéis para a Comissão sobre a Situação das Mulheres


Dentre as mudanças, estão renovação de métodos de trabalho para aumentar aportes para o avanço da igualdade, autonomia e direitos para as mulheres


A Comissão das Nações Unidas sobre a Situação das Mulheres concluiu sua 59ª sessão anual (CSW), na sexta-feira (20), com um acordo dos Estados-Membros da ONU sobre a adoção de medidas para aumentar os seus esforços para promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
Os governos concordaram com novos métodos de trabalho para a Comissão, tendo a Declaração e o Plano de Ação de Pequim como documento de referência, além de reforçar o seu papel na elaboração da política global e coordenação de ações em torno de implementação. Afirmaram a Comissão como ponto central das para a definição da agenda do desenvolvimento sustentável pós-2015, prevista para adoção por uma cúpula mundial de chefes de Estado e de governo, em setembro deste ano.
Como principal instância da ONU para fazer avançar compromissos intergovernamentais para a igualdade de gênero e acompanhamento da Plataforma de Pequim, a Comissão irá alinhar ainda mais o seu trabalho com o Conselho Econômicmo e Social e o novo Fórum Político de Alto Nível das Nações Unidas. A expectativa é reforçar os esforços para integrar a igualdade de gênero em todos os debates e ações globais para o desenvolvimento sustentável.
Devido à intensa presença de ministras e ministros de governos na 59ª CSW, os Estados-Membros concordaram em criar um segmento ministerial a partir da próxima sessão, em 2016. Espera-se aumentar a visibilidade das preocupações atuais e as oportunidades para demonstrar o compromisso político de alto nível para a oferta de progresso acelerado em direção à igualdade de gênero, empoderamento e a plena realização dos direitos humanos das mulheres.
Parabenizando os Estados-Membros, a sociedade civil e o sistema da ONU por “uma sessão de forte, dinâmica e voltada para o futuro”, a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, disse em seu discurso: “Estamos todas e todos conscientes de que não há atalhos para a realização da igualdade de gênero, o empoderamento das mulheres e os direitos humanos das mulheres e meninas. Com base no caminho que percorremos, sabemos que há mais desafios pela frente. Sabemos que temos de continuar a trabalhar, de forma sistemática e sem descanso, para provocar uma transformação nas nossas famílias, sociedades, economias e espaços políticos e públicos “, acrescentou.
Os governos concordaram em melhorar o foco sobre o tema em avaliação anual na CSW. Serão produzidos estudos de caso para demonstrar as lições aprendidas na implementação dos compromissos feitos em sessões anteriores da Comissão. O Secretário-Geral apresentará um relatório sobre esses progressos temáticos, com base em dados nacionais e outros insumos. O processo vai ajudar a verificar as lacunas entre as promessas feitas e a mudança mensurável, além de oferecer provas concretas sobre como as normas internacionais podem ser traduzidas para fazer uma grande diferença na vida de mulheres e meninas.
A 59ª sessão da CSW incluiu uma série de mesas redondas de alto nível e painéis sobre temas críticos que vão desde o financiamento escalado para a igualdade de gênero, as responsabilidades e homens e meninos e a melhoria na produção de dados desagregados por gênero».


FERNANDO CORREIA | «Piso 3 Quarto 313»




Sinopse

«Pode um livro nascido da dor transmitir consolo e felicidade? Fernando Correia escreveu Piso 3, Quarto 313 para dar testemunho, com total compreensão pelos doentes e pelos familiares que sofrem, amam e tantas vezes choram, na impossibilidade de fazerem melhor.
Fernando Correia apresenta-nos Vera, a mulher da sua vida, bonita, inteligente, lutadora, mãe-coragem de três filhas, que se transformou na habitante incógnita de um mundo sem memória, sem saudade e sem amor». +.


sexta-feira, 27 de março de 2015

NO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2015 | MARIA HELENA SERÔDIO | «INTERROGAR O FEMININO algumas hipóteses teatrais»



Os excertos do artigo da  Professora Maria Helena Serôdio fixados na imagem,  que reservamos para divulgar neste Dia Mundial do Teatro,   quase que aparecem como uma primeira resposta ao que se colocou neste post. É um artigo, mas, a nosso ver, todo ele  prefigura um amplo PROGRAMA DE TRABALHO em torno das MULHERES NO TEATRO EM PORTUGAL.



DIA MUNDIAL DO TEATRO | 27 MARÇO 2015 | MENSAGEM «INTERNATIONAL THEATRE INSTITUTE» | Por Krzysztof Warlikowski






A mensagem em português (tirada daqui):



aqui sobre o autor da Mensagem, Krzysztof Warlikowski


27 MARÇO 2015 | DIA MUNDIAL DO TEATRO | Para o seu programa teatral de hoje...


Se ainda não tem planos para hoje, saiba da oferta teatral  ao nosso dispor, e basta  recorrer  à comunicação social para isso,  por exemplo: i online. Lifecooler. NoticiasAo Minuto; Jornal Sol; TSF; ... À partida,  ENTRADA LIVRE.
E continuando a pensar no M de MULHERES  no Teatro,  do que se pode ver,  ilustremos com dois espectáculos em que o texto é de autoras:

Mana Solta a Gata
a partir de textos
 de Adília Lopes
«Mana solta a gata», a partir de Adília Lopes, com encenação de António Pires»,ver imagem acima   é em  Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite. Mais: António Pires desejava há muito trabalhar os textos de Adília Lopes, por considerar que a sua obra permite uma “identificação imediata” . O estilo da poetisa, aparentemente coloquial e naïf, está repleto de jogos fonéticos, associações livres e rimas infantis. Em Mana solta a gata, Pires criou uma “coreografia hiper-realista” na qual duas mulheres gordas, interpretadas por dois homens, andam e dizem o que Adília Lopes escreveu. No entanto, “nada disto é grotesco. Nem o movimento, nem a actuação”. E há outras iniciativas para este dia, confira.


Estamos Todos ? 
Luísa Costa Gomes
«José Pedro Gomes protagoniza a comédia de Luísa Costa Gomes que revela as peripécias de um noivo do dia do próprio casamento. A ajudar à festa, há o gestor da boda, o padre, o futuro cunhado, a ex-mulher e até um inspector da polícia...». É Em Estarreja. . A . . . Ainda: 
Ainda: «Depois do enorme sucesso de “O Último a Rir”, em 2001, a autora, Luísa Costa Gomes, o encenador, Adriano Luz, o cenógrafo, António Jorge Gonçalves, e o ator José Pedro Gomes, voltam a juntar-se em “Estamos Todos?”. “Estamos Todos?” é uma comédia escrita para um ator que se desdobra em múltiplas personagens, cada uma mais hilariante que a outra. Estamos todos convidados a assistir a um espetáculo onde o humor dispensa quaisquer limites».


E sobre as mulheres de quem vimos  a falar, saibamos mais: Luísa Costa Gomes; Adília Lopes.

DIA MUNDIAL DO TEATRO | 27 MARÇO 2015 | MENSAGEM «SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES» | Por Nuno Carinhas




Mensagem da SPA da autoria de Nuno Carinhas para

 o Dia Mundial do Teatro 2015 (27 de Março)

 Inventar a vida todos os dias – compor e ensaiar uma realidade com minúcia de autor, sem deixar que o acaso entre pela porta do cavalo – e acreditar nisso como sendo a grande verdade, que com urgência se propõe à partilha de todos, é o nosso mister.
Apesar de não sabermos do futuro do Teatro, podemos assegurar que está cheio de presente. Isso deve-se à tenacidade dos seus fazedores, aos que não desistem de querer. Eles, os herdeiros mais recentes das memórias mais antigas do mundo; eles, os que transportam o “à flor da pele” da humanidade, em palavras e silêncios que traduzem amores e ódios, reconhecimentos e humilhações, fraternidades e traições. Eles lidam com personagens que argumentam com inteligência, absurdez ou ridículo; que insultam, improperam e chacinam com crueza; que rogam e se compadecem por misericórdia e gratidão; que reclamam o fim de servidões e combatem pela dignidade; que duvidam.

 No teatro – o lugar das Fúrias – exibe-se a beleza e a fealdade, o humano e o inumano, o luxo e a pobreza, o autoritarismo dos déspotas e a rebelião dos povos. Somos convocados para as viagens no comboio fantasma do tempo, dentro da máquina de todos os excessos: acende-se a luz no palco vazio, caixa dos sentidos onde cabem novas paisagens nascidas de todas as artes, para a construção da mais impura. Uma máquina que range de indignação perante as injustiças, as desigualdades e as indiferenças, o analfabetismo e a miséria. O teatro é lugar de obsidiante questionamento, do curso da História e das nossas pequenas histórias: de espectáculo em espectáculo, progredimos insatisfeitos de pergunta para pergunta, até acharmos aquelas – certeiras, justas – de que fala Almada: tão bem perguntadas que “se pensares um bocadinho tens já a resposta a seguir”.
Elaborando as suas ficções, os do Teatro resistem no meio de realidades sociais e políticas adversas, atentos ao revés e à festa, debaixo das bombas ou dos fogos-de-artifício, usando de uma força vital feita de inconformismo e fantasia que tem de ser experienciada à vista dos seus semelhantes, a solo ou em bando, mas em directo – mano-a-mano, corpo-a-corpo, de boca a orelha –, encurtando solidões. No teatro sussurra-se ou grita-se a língua que é linguagem saída dos corpos animados de vontade e de desejo. Aí se exerce a poesia, a retórica ou a conversa fiada do quotidiano. No teatro ouve-se falar sobre o que se ouve dizer ou escuta-se o que nunca se ouvira, desta ou daquela maneira. 
Na sua infinita diversidade, o Teatro de Arte faz parte do património vivo através das novas dramaturgias e das traduções dos clássicos que vêm enriquecer a nossa língua em movimento, a verdadeira moeda de troca entre cidadãos, entre povos, entre culturas – no caso do Português, por esse mundo fora e a crescer. Urge fazer circular o nosso teatro, confrontando-o com outros públicos, abrindo espaço no mapa-mundo do saber.
O Dia Mundial do Teatro é uma chamada de atenção e homenagem a todos os que por ele persistem, que disso fazem prova de vida, todos os que falam, aqueles que o fazem e os que a ele assistem. Ir ao teatro é conceder-se a si mesmo tempo: um tempo que suspende a agitação dos dias utilitários para a partilha de histórias e suas possibilidades, sem nos alhearmos do presente e das lutas que se travam no quotidiano por uma comunidade mais justa, mais igualitária e mais feliz.


NO DIA MUNDIAL DO TEATRO | Feminismo e Teatro




«Contemporary Feminist Theatres is a major evaluation of the forms feminism has taken in the theatre since 1968. Lizbeth Goodman provides a provocative and interdisciplinary study of the development of feminist theatres in Britain. She examines the treatment of key issues such as gender, race, sexuality, language and power in performance.
Based on original research and fresh data, Contemporary Feminst Theatres is a fully comprehensive and admirably clear analysis of a flourishing field of practice and inquiry».


«At last an accessible and intelligent introduction to the energising and challenging relationship between feminism and theatre.
In this clear and enlightening book, Aston discusses wide-ranging theoretical topics and provides case studies including:
* Feminism and theatre history
* `M/Othering the self': French feminist theory and theatre
* Black women: shaping feminist theatre
* Performing gender: a materialist practice
* Colonial landscapes
Feminist thought is changing the way theatre is taught and practised. An Introduction to Feminism and Theatre is compulsory reading for anyone who requires a precise, insightful and up-to-date guide to this dynamic field of study».

«Feminist Theatre Practice: A Handbook is a helpful, practical guide to theatre-making which explores the different ways of representing gender. Best-selling author, Elaine Aston, takes the reader through the various stages of making feminist theatre- from warming up, through workshopped exploration, to performance - this volume is organised into three clear and instructive parts:
* Women in the Workshop
* Dramatic Texts, Feminist Contexts
* Gender and Devising Projects.
Orientated around the classroom/workshop, Handbook of Feminist Theatre Practice encompasses the main elements of feminist theatre, both practical or theoretical».



NO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2015 | ALFABETO TEATRAL | «W is for women» | «M é para mulheres»





Este «W is for Women», de 2012,  publicado no The Guardian», é sobre um alfabeto para a actividade teatral Britânica mas pode ser inspirador para reflexão sobre outras realidades, nomeadamente a do nosso País. De notar o ponto de partida de Michael Billington:   «I'd like to assert, as a starting point, that women have played a crucial role in shaping modern British theatre». E em Portugal, como será? Como ilustração, mulheres referidas no trabalho:  

Hoje, 27 de março de 2015, Dia Mundial do Teatro, boa atmosfera para pensarmos estas coisas.


quinta-feira, 26 de março de 2015

NAS COMEMORAÇÕES DO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2015 | Homenagem a Fernanda Lapa




O Dia Mundial do Teatro é amanhã - dia 27 de março. A propósito, no dia 29, Fernanda Lapa vai ser distinguida: «À semelhança dos anos anteriores Carnide assinalará as Comemorações com uma merecida homenagem à actriz e encenadora Fernanda Lapa que recentemente celeborou os 50 anos de carreira e, no passado dia 8 de março, 20 anos da criação da Escola de Mulheres, da qual é fundadora». Mais aqui.






PROJETO «ELA» | «O Senhor Não Sabe Quem Eu Sou» | MARÇO 2015 | DIA 27 | 21:30H | NAZARÉ


quarta-feira, 25 de março de 2015

HERBERTO HELDER | «Há cidades cor de pérola onde as mulheres»



HÁ CIDADES COR DE PÉROLA ONDE AS MULHERES

Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param, e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas,
trabalhadas interiormente pelo pensamento
das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior. 

Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde consumo
uma amizade bárbara. Um amor
levitante. Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
A minha loucura, escada
sobre escada. 

Mulheres que eu amo com um desespero
fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em que toco levemente
a boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.
Dentro de minha idade, desde
a treva, de crime em crime - espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.  

Subo as mulheres aos degraus.
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
de sua cabeça
ardente: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.
 Herberto Helder
 in  «Lugar», Poesia Toda,
          Assírio & Alvim,1979
.
.    . 

Herberto Helder morreu, vem na comunicação social. Por exemplo, no jornal Expresso:

A morte ganhou o mestre. Morreu Herberto Helder
O maior poeta português vivo deixou a vida na manhã de ontem, mas a sua obra permanecerá. O seu último livro, "A Morte Sem Mestre", foi publicado no ano passado. Distinguido em 1994 com o Prémio Pessoa, recusou recebê-lo. "Não digam a ninguém e deem o prémio a outro", pediu ao júri. Continue a ler.

CONFERÊNCIA | «A Abolição da Pena de Morte» | MARÇO 2015 | DIA 27 | 9:30H -17.30H | TORRE DO TOMBO




«Estas conferências são uma iniciativa «conjunta da DGLAB – Torre do Tombo, no âmbito do reconhecimento da Carta de Lei da abolição da pena de morte em Portugal com a Marca Património Europeu, e do CIES do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, integrado no projeto «Controlo Social e Política Penal no Liberalismo português: reformas nacionais, circulações transnacionais, c. 1820-1867».
Numa altura em que o debate sobre a pena de morte enquanto recurso penal mantém total atualidade, as conferências na Torre do Tombo visam constituir uma reflexão sobre esta questão e, simultaneamente, assinalar o papel precursor de Portugal, onde a pena de morte para crimes civis foi abolida a 1 de julho de 1867, uma ação pioneira no contexto europeu da época. O caso português constitui um dos primeiros exemplos de inscrição num grande sistema jurídico nacional, de forma perene, de uma Lei sobre a abolição da pena de morte para crimes civis, tendo estendido essa abolição aos territórios do seu império colonial, com o Decreto de 9 de junho de 1870».

O  P R O G R A M A




E há também   Exposição documental 
«Pena de Morte: da justiça punitiva à justiça corretiva»
 patente ao público até dia 19 de setembro.




terça-feira, 24 de março de 2015

«MULHERES DE OTELO»





MULHERES DE OTELO

A PARTIR DE WILLIAM SHAKESPEARE


com SOFIA ÂNGELO | RITA MARTINS | SAMANTA FRANCO
texto e encenenação CLAUDIO HOCHMAN
música DANIEL SCHVETZ


«Na peça de “Otelo” de Shakespeare há três mulheres. A famosa Desdêmona, mulher do Mouro, a dubitativa Emília, mulher do malvado Iago, e Branca, a prostituta que namora com o destituído tenente Cássio. Em “ Mulheres de Otelo”, uma produção do Teatro de Carnide, conta-se a história destas três mulheres, as suas visões, suas posturas, seus pensamentos, suas relações, suas incertezas… Também através delas se conta a história de Shakespeare, desta vez na ausência de homens em palco. Um espaço vazio para se encher de emoções. Um jogo onde as palavras e a ação desnudam o mundo das personagens e das atrizes. Uma visita ao mundo shakespeareano numa perspetiva contemporânea». Saiba mais.


Teatro da Trindade
18 a 29 março

4ª a sábado - 21:45h
 domingo 17 :00h
 M12

Ah, falta dizer que foi o colega Tiago Miranda (Biblioteca Nacional) que depois de ter visto a peça sugeriu a sua divulgação. Aqui está, e aguardamos mais sugestões.



PELA IGUALDADE | do quadro institucional

Leia na integra aqui.

Como se pode ver na imagem, no passado dia 6 de março de 2015, foi publicada a RCM  N.º 11-A/2015 que «Promove um maior equilíbrio na representação de mulheres e homens nos órgãos de decisão das empresas e institui mecanismos de promoção da igualdade salarial». Tendo como ponto de partida esta mesma Resolução, de seguida uma sistematização de diplomas, a acrescer aquele que, sem o esgotar,  mostra do quadro institucional em vigor:

DECRETO-LEI N.º 159/2014 - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 207/2014, SÉRIE I DE 2014-10-27
Estabelece as regras gerais de aplicação dos programas operacionais e dos programas de desenvolvimento rural financiados pelos fundos europeus estruturais e de investimento, para o período de programação 2014-2020 

«dispõe no sentido de que a maior representatividade de mulheres nos órgãos de direção, de administração e de gestão e a maior igualdade salarial entre mulheres e homens que desempenham as mesmas ou idênticas funções na entidade candidata, sejam ponderadas para efeitos de desempate entre candidaturas aos fundos da política de coesão».

Procede à alteração ao Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras.
«a política interna de seleção e avaliação dos membros dos órgãos de administração e fiscalização deve promover a diversidade de qualificações e competências necessárias para o exercício da função, fixando objetivos para a representação de homens e de mulheres e concebendo uma política destinada a aumentar o número de pessoas do sexo sub -representado. Em conformidade, as instituições destinatárias desta legislação devem facultar ao Banco de Portugal dados concretos sobre a política adotada no âmbito da igualdade de género, cabendo, por seu turno, àquela instituição, tomar as iniciativas que se justificarem em cada caso»
Adota medidas tendo em vista a promoção da igualdade salarial entre mulheres e homens

Aprova o novo regime jurídico do sector público empresarial.
«determina a presença plural de homens e mulheres na composição dos órgãos de administração e fiscalização das empresas públicas, e a promoção da igualdade e não -discriminação no âmbito da sua responsabilidade social».
Lei-quadro das entidades administrativas independentes com funções de regulação da atividade económica dos setores privado, público e cooperativo.
«garante a alternância de género no provimento do presidente do conselho de administração e a representação mínima de 33 % de cada sexo na designação dos respetivos vogais»

Aprova um conjunto de medidas que visam garantir e promover a igualdade de oportunidades e de resultados entre mulheres e homens no mercado de trabalho

RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE MINISTROS N.º 19/2012 - DIÁRIO DA REPÚBLICA N.º 49/2012, SÉRIE I DE 2012-03-08
Determina a adoção de medidas de promoção da igualdade de género em cargos de administração e de fiscalização das empresas.
.
.    .

Ao fazermos este registo veio-nos à lembrança o que está estipulado num outro diploma - Resolução do Conselho de Ministros n.º 103/2013, que fixa o V PLANO NACIONAL PARA A IGUALDADE DE GÉNERO,CIDADANIA E NÃO -DISCRIMINAÇÃO 2014-2017 - para a Integração da Perspetiva de Igualdade de Género na Administração Pública Central e Locae que se mostra no quadro abaixo. Parece-nos algo que faz uma boa síntese generalizável a todo o Setor Público. Mais,  a todas as organizações, isto é, para todas as pessoas quer estejam no Público, no Privado ou no Terceiro Setor, e qualquer que seja o seu lugar na hierarquia. 


Quando para todos e  todas acontecer isto ... 



segunda-feira, 23 de março de 2015

"CANSADA”: UMA CANÇÃO PELAS VÍTIMAS




«Oito cantoras portuguesas juntaram-se para dar voz à APAV, numa canção-hino pelas vítimas de violência doméstica. A canção original "Cansada" tem letra e música de Rodrigo Guedes de Carvalho, com arranjos e produção musical de Filipe Melo, e reúne oito grandes vozes de Portugal: Aldina Duarte, Ana Bacalhau, Cuca Roseta, Gisela João, Manuela Azevedo, Marta Hugon, Rita Redshoes e Selma Uamusse.
Esta canção não só funciona como um hino para a APAV, como cumpre a função importantíssima de despertar consciências para o problema da violência doméstica, transmitindo a mensagem que é importante dizer não: “Não aceito, digo não. Nem que o meu grito seja só uma canção.”
A música é interpretada pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, dirigida pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo. Conta ainda com Filipe Melo no piano, Nelson Cascais no contrabaixo, Alexandre Frazão na bateria e Ana Castanhito na harpa. Som e imagem gravados nos Estúdios Atlântico Blue. O videoclip tem assinatura do realizador Tiago Guedes.
Esta canção surge num ano especial para a APAV, uma vez que neste 2015 celebramos os nossos 25 Anos de atividade. Têm sido 25 anos a apoiar todos aqueles que são vítimas de crimes, vítimas de todos os crimes». Continue a ler.

EXPOSIÇÃO | «Caprichos de Goya» | PROJECTO «A DANÇAR PELOS OBJECTIVOS DO MILÉNIO»



A partir do site da UAU as coordenadas da exposição ( os destaques são nossos):

Caprichos de Goya 
Torreão Poente (Terreiro do Paço) 

 12 Março a 12 Maio


«Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828), pintor e gravador espanhol, fundador do movimento Romântico e percursor do Impressionismo, é dos mais importantes artistas plásticos do final do século XVIII.
Embora pintor oficial da corte de Carlos IV, de Espanha, foi um crítico feroz à sociedade em que viveu, como demonstra em CAPRICHOS, uma colecção de 80 gravuras onde censura os vícios humanos e as instituições políticas, denuncia as injustiças sociais e satiriza os comportamentos da sociedade, sobretudo das classes da nobreza e clero.
Passados quase duzentos anos, a necessidade de justiça social mantém-se pelo que a UNESCO, em paralelo com o plano Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ONU, 2000/2015), está a promover o projecto Dancing for the Millennium Goals (A Dançar pelos Objectivos do Milénio), no qual a presente exposição se insere, contribuindo com parte da sua receita. Em Portugal, o apoio reverte para a ONG P&D Factor – Associação para a Cooperação Sobre População e Desenvolvimento».


HORÁRIO
 Todos os dias das 10:00h às 19:00h 
 (Última entrada às 18:30H)
ENTRADAS
 7€ - Adultos
 3,5€ - Jovens e Seniores
 Grátis - Crianças até aos 6 anos
 Mais sobre a Exposição no site da P&D.




sábado, 21 de março de 2015

NO DIA MUNDIAL DA POESIA | Judith Teixeira



Sinopse
 (destaques nossos)

«A obra completa, com textos inéditos,  de uma escritora chave do modernismo português. Apesar de Fernando Pessoa ter declarado, em carta de 1924, que Judith Teixeira não tinha «lugar, abstrata e absolutamente falando», o facto é que conservou até à morte um exemplar da revista Europa por ela dirigida. Será então correto afirmar que as mulheres não tiveram qualquer lugar de protagonismo no momento de rutura e transgressão que foi o modernismo português? E, se o tiveram, porque é que foram esquecidas? Chegou a altura de reler Judith Teixeira sem preconceitos. Nascida tal como Pessoa em 1888, e contemporânea de Florbela Espanca, outra mulher a quem quiseram aplicar o rótulo de «poetisa», Judith Teixeira rompeu corajosamente com o padrão do silenciamento das mulheres no contexto do Portugal das années folles, para se tornar um sujeito ativo, que desvendou o corpo feminino sem pejo. Esta nova edição traz a lume cerca de vinte poemas desconhecidos e uma conferência inédita, além de reunir as cinco obras de poesia e prosa que Judith Teixeira publicou em vida. No seu conjunto, o presente volume permite-nos situar devidamente esta escritora no lugar que lhe pertence por direito próprio, ou seja, em plena vanguarda modernista». +
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Chegámos  a  JUDITH TEIXEIRA para o nosso post de hoje - dia 21 de março, Dia Mundial da Poesia - pelo artigo abaixo do JL.  Mesmo que pareça não haver unanimidade sobre o valor da sua obra, só pelo que está escrito no JL,  haveria razões de sobra para a nossa escolha, nomeadamente: para «repensar as exclusões perpetuadas por uma historiografia literária portuguesa tradicionalmente pouco sensível a questões de género» e «para se combater uma certa amnésia cultural  marcada pelo género nas letras portuguesas». 

Mas sendo o Dia Mundial da Poesia, terminemos assim:


                          Mais Beijos

                                                    Devagar... 
                                                    outro beijo... ou ainda... 
                                                   O teu olhar, misterioso e lento, 
                                                   veio desgrenhar 
                                                   a cálida tempestade 
                                                   que me desvaira o pensamento! 

                                                   Mais beijos!... 
                                                   Deixa que eu, endoidecida, 
                                                   incendeie a tua boca 
                                                   e domine a tua vida! 

                                                  Sim, amor.. 
                                                  deixa que se alongue mais 
                                                  este momento breve!... 
                                                  — que o meu desejo subindo 
                                                  solte a rubra asa 
                                                  e nos leve! 


                                                Judith Teixeira, in 'Antologia Poética'