sexta-feira, 22 de abril de 2016

PORQUE SEGUNDA-FEIRA É 25 DE ABRIL


A poesia está na rua II
Vieira da Silva, 1975
Cartaz editado pela Fundação Calouste Gulbenkian para celebrar o 25 de Abril
 de 1974, inspirado em têmpera original de Vieira da Silva
105 x 79,5 cm
Col. FASVS
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«O 25 de Abril foi dos momentos de máxima alegria da minha vida. Foram dias que vivi em estado de levitação. Isso aliás aconteceu a muita gente. E está dito no poema que escrevi: «Esta é a madrugada que eu esperava/ O dia inicial inteiro e limpo/ Em que emergimos da noite e do silêncio/ E vivos habitamos a substância do tempo».
De facto fiquei em êxtase e foi como eu vivi. Mas ao mesmo tempo foi uma ocasião perdida, de uma maneira terrível, talvez porque não está na natureza das coisas cumprir aquilo que o 25 de Abril prometia... É um pouco como a adolescência que tem em si imensas possibilidades que depois se vão malogrando. 
Há no entanto uma conquista positiva: estamos num estado democrático – não há prisões políticas, não temos colónias, não somos um povo colonizador, somos um povo que ajudou a criar liberdades e independências. Apesar de tudo, há um serviço de saúde melhor. Há outra atitude. Mas houve uma possibilidade de criar um tipo de sociedade diferente que não foi possível, mas também porque ninguém quis, ou muito pouca gente quis...»
Sophia de Mello Breyner 
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